
E se algum papel se me apresentar áspero demais, não me impeçam de tentar minha caligrafia, mas não me deixem abandonar o terreno difícil.
Quando, na volúpia de escrever, eu não encontrar tempo para tirar os olhos da minha escrita rápida e do meu estilo afrontador, tragam-me um papel de seda, onde eu aprenda a traçar com cuidado. Se ousar um escrever de espadachim, mostrem-me uma lágrima, para que eu me lembre dela mais tarde, quando dela precisar um afago.
Ensinem-me a escrever semínimas e máximas, que ditem calmantes aos que me acompanhem nas dissertações da vida. Se eu, num momento de desvario, quiser pôr um ponto final, transformem-no num ponto e vírgula, ou em reticências, para que eu veja que há tantas vírgulas num texto...
Quando mais usado, por haver escrito epopéias, alexandrinos e romances, heróicos ou não, deixem-me versejar rosas. Deixem-me perceber que não vivi ileso, guardado no escuro. Deixem-me sentir-me gasto em milhares de páginas, a queimar ainda, com rugas de um coração bem batido, envolvido, entregue, e doado."