E a tropa vai acompanhando
São umas trezentas mulas
Pela estrada caminhando
E quando vai chegando a tarde
Param para descansar
Onde tenha bom pasto e água
Para a tropa alimentar
Para o jantar do tropeiro
Tem carne seca e feijão
Sentam em roda do fogo
E tomam bom chimarrão
Contam toadas na viola
E causos de assombração
A noite para fazer ronda
Um deles era escalado
Num passo, lá no arroio
Bem no fundo do campo
Num local bem afastado
Vai fazer a sua cama
Enrolar-se no poncho
Estende o pelego na grama
E dorme à luz das estrelas
Apreciando o luar
Com o corpo tão cansado
Não tem tempo de sonhar
Pois pouco pode dormir
Tem que ficar alerta
Não tem tempo de sonhar
Pois pouco pode dormir
Tem que ficar alerta
Não vá a mula fugir.
Levanta de madrugada
Almoça no romper da aurora
Monta o burro redomão
E vai chegando a espora
Viaja com sol a pino
Comendo pó das estradas
Até chegar ao destino
E quando é tempo de chuva
Com a roupa encharcada
Chega no pouso com fome
Não pode acender fogo
Só acha lenha molhada
Dá uma saudade de casa
Que estrada! Que não acaba
Vai assoviando e pensando
Como é longe... Sorocaba!
Mas já disposto e animado
Prossegue em sua viagem
Porque o caboclo lapeano
Tem muita fibra e coragem
Em uma tarde bonita
Ao fim da viagem chegaram
Cansados, mas satisfeitos
Enfim a tropa entregaram
Tiraram o pó das estradas
Na cidade foram passear
Iam agora divertir-se
Com destino pra gastar
Tinha um muito faceiro
Encilhou a mula ruana
Pôs o lenço no pescoço
E saiu à praça conquistar
Uma bonita sorocabana
Tropeiro do Paraná
Tropeiro das bandas do sul
Volta feliz aos teus pagos
Solo as bênçãos do céu azul.
Uma nuvem de tristeza
Pesada em minh’alma cai
Ao lembrar-se de um tropeiro
Que foi meu saudoso pai.
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